Ainda inquieto pelo espírito que o carnaval me oportunizou este ano enquanto espectador, decidi, desta vez, compartilhar um texto em um formato diferente do corriqueiro aqui. Talvez por ser início de um ano que será bem importante às pessoas que ainda votam no Brasil e, provavelmente, ainda influenciado por um Carnaval, no mínimo, diferente pra mim, pois, onde andei, por incrível que pareça, vi predominar a cordialidade em pequenas atitudes durante o ofício de fotógrafo em uma madrugada fria de Carnaval no interior do Rio Grande de Sul, que exemplifico na imagem abaixo. Mas, antes disso, linko o videoclipe da música #TemCoza, produzida aqui em Santa Maria.
Pastel gordo, pepsi quente
Em Santana da Boa Vista,
Na TV do restaurante
Um repórter anuncia:
- Carnaval nas capitais
trios elétricos, fantasias
tudo bonito, sensacional.
Fora o assalto à democracia
Terceiro país mais desigual
E ainda assim tomado pela folia.
Tomam cervejas os pobres
Afogando dores e alegrias,
Nos castelos, "os nobres",
também se divertem em demasia.
e provavelmente algum candidato
planeja outro golpe ou picardia
tomando um uísque nada barato
Mas temendo a voz da sabedoria
que é popular, Tuiuti e Beija-flor
criticando com arte a soberania.
No Sul do Rio Grande do Sul
Festas nas ruas - à maioria.
Desfilam blocos pequenos.
e em clubes e praças clareia outro dia.
Bombacha surrada, decote ou batina,
Figurino diverso da própria etnia.
Dançam homens, padres e minas
sem gestos maldosos, nem covardia
Armas inúteis, junto aos brigadianos
"Instrumentos" letais a nossa harmonia.
Talvez seja pecado ou excesso
Escrever desse jeito parecendo ativista.
- alertar as pessoas é o intuito do verso
Usando este espaço de bons jornalistas.
Por um lado bondoso e outro perverso
Eu aceito a alcunha de colunista do avesso
E cumpro o trabalho, liberando a endorfina
Fechando o versito a imaginar o endereço
Registrar os relatos e opinar é um ato.
que transforma e produz ainda mais dopamina.
Foto: Leonardo Gadea (Arquivo Pessoal)